domingo, 1 de março de 2009

A WebQuest: evolução e reflexo na formação e na investigação em Portugal – Resumo

Este artigo caracteriza a WebQuest e a sua evolução, enfatizando a importância da sua integração na formação inicial e contínua de professores. Por fim, aborda a investigação realizada em Portugal no âmbito da WebQuest.

A WebQuest foi criada por Bernie Dodge e Tom March (1995), tendo como objectivo levar os professores a criar recursos educativos recorrendo à tecnologia e a tirar partido da informação existente online. È composta por cinco componentes: Introdução, Tarefa, Processo, Avaliação e Conclusão. Deve promover trabalho colaborativo, pelo que deve ser resolvida em grupo.

A utilização desta ferramenta interliga três vertentes, a pesquisa, a aprendizagem e tecnologia. Ela promove a pesquisa, selecção e avaliação de recursos online, leva o professor a repensar a aprendizagem como construção e como pensamento de nível elevado (implica capacidade de análise, de síntese, de colaboração entre os elementos do grupo, de gestão da aprendizagem, de tomada de decisão e de criatividade na solução a apresentar, utilizar a tecnologia (a WebQuest, depois de estruturada, tem que ser implementada e disponibilizada online).

Segundo March (1998) uma WebQuest deve ser utilizada apenas quando outras estratégias falharam, tendo em atenção que esta deve ter um bom enquadramento teórico e ser motivante para os alunos.

São consideradas três fases na evolução da WebQuest. No primeiro texto sobre WebQuest, Dodge (1995) propõe seis componentes: introdução, tarefa, fontes de informação, processo, orientação e conclusão, não havendo portanto avaliação. Posteriormente, Dodge (1997) retira da lista dos componentes as orientações, introduz a avaliação e inverte a ordem dos recursos e do processo. Numa terceira fase a WebQuest caracteriza-se uma introdução (que cria o ambiente e contextualiza a temática); uma tarefa (que deve ser executável e interessante indicando o que os alunos vão apresentar como produto ou desempenho final); o processo (deve apresentar claramente as etapas a seguir, as fontes a consultar e as ferramentas para organizar a informação); a avaliação (deve especificar os critérios para o desempenho e para o conteúdo); a conclusão (resume o que os alunos alcançaram ou aprenderam e deve também colocar algumas questões retóricas ou encorajá-los para outras temáticas, disponibilizando apontadores para outros sites); a página do professor.

A construção de uma WebQuest torna-se útil na formação inicial e contínua de professores, por tudo o que a sua construção implica. É necessário dominar o tema da WebQuest para a conceber, sobretudo para ter sensibilidade e criatividade sobre o que pode ser solicitado como tarefa e para seleccionar criticamente as fontes a indicar. Por outro lado, ajuda os futuros professores (formação inicial) e professores (formação contínua) a repensar a aprendizagem e os princípios pedagógicos a implementar para orientar os destinatários pelas diferentes etapas até à solução da tarefa. Além disso, a WebQuest também é exigente sobre a descrição da avaliação a ser realizada, devendo ser explicitados os parâmetros a considerar no desempenho individual e/ou do grupo e no produto final.

Uma WebQuest bem elaborada deve levar o aluno a tornar-se progressivamente mais autónomo, responsável, desenvolvendo o espírito crítico (Lopes, 2006). É importante que o professor lhe dê a oportunidade de aprender por si, dinamizando o trabalho colaborativo, negociando a construção do produto a apresentar, tornando-se responsável pela sua aprendizagem e tomada de decisões. Os alunos não estão habituados a aprenderem autonomamente, encontrando-se demasiado dependentes das explicações do professor e por isso precisam de tempo para se adaptarem a uma nova metodologia. Libertar-se da dependência do professor, que tudo esclarece prontamente e ter que reflectir, seleccionar, comparar e sintetizar, torna-se árduo.

É muito importante que no final os alunos apresentem o trabalho à turma porque desenvolvem capacidade de expor, habituam-se a submeterem-se à crítica dos pares e do professor e habituam-se a criticar o trabalho dos colegas, devendo aprender a fazê-lo de forma construtiva. Neste ponto, o professor também tem um importante papel a desempenhar ajudando os alunos a criticarem construtivamente, apresentando os pontos fortes e fracos e propondo alternativas.

Do original:
Carvalho, Ana Amélia Amorim (2007). A WebQuest: evolução e reflexo na formação e na investigação em Portugal. In F. Costa, H. Peralta & S. Viseu (orgs), AS Tic na Educação em Portugal: Concepções e Práticas.. Porto: Porto Editora, pp. 299-327

Sem comentários:

Enviar um comentário